FLÁVIO SCHOLLES

Nascido no Vale do Rio dos Sinos no dia 15 de fevereiro de 1950, Flávio Scholles retrata em suas obras a história de seu povo por meio da literatura de cordel. Quadros como “A dança dos espantalhos”, “Esperando o ônibus”, “Ritzeletas” e “Mulher” são algumas das obras de arte desse artista que estão espalhadas pelo Wish Serrano.

CARRINHO DE LOMBA - (Colônia)

“Na fase artesanal (até 1950-1960) da região do

Vale do Rio dos Sinos, nós mesmos fazíamos

nossos brinquedos. Um deles era o carrinho de

lomba. Aos domingos, havia as corridas e nós

quebrávamos todos, enfiávamos as mãos nas latas

de banha para lubrificar os eixos... Quem ganhava,

o campeão absoluto, ganhava um coca-cola-

quente pois não havia luz elétrica.”

JOGOS INFANTIS - (Colônia)

‘O horizonte do homem do campo é uma linha reta: planta, alimenta-se, suas crianças brincam. Tudo é feito em casa, artesanalmente. Relaciona-se com a natureza e os animais a sua volta. Olha o sol e a lua. O circulo existe. Inquieto, olhar no infinito, sonha com uma nova realidade. ‘

FAZENDO PASTO - (Colônia)

“O horizonte do homem do campo é uma linha reta: planta, alimenta-se, suas crianças brincam. Tudo é feito em casa, artesanalmente. Relaciona-se com a natureza e os animais a sua volta. Olha o sol e a lua. O circulo existe. Inquieto, olhar no infinito, sonha com uma nova realidade.”

ÊXODO

“O êxodo não é só a retirada do campo em direção a cidade, em busca de educação e dos produtos industrializados, mas também a passagem da fase artesanal para a fase industrial da região, marcada pela luz elétrica, pelo rádio e pela televisão, que anunciam a sociedade de consumo após a Segunda Guerra Mundial. Também a adaptação das pessoas na cidade, a desestruturação do indivíduo, motivada pela perda de suas raízes culturais e de identidade, principalmente no pós-guerra. per extensão, o êxodo é uma realidade nacional e uma situação internacional, com migrações e imigrações em busca de melhores oportunidades e condições de vida. A globalização! Devido a globalização, as novas fronteiras são a identidade.”

ÊXODO

‘O êxodo não e só a retirada do campo em direção a cidade, em busca de educação e dos produtos industrializados, mas também a passagem da fase artesanal para a fase industrial da região, marcada pela luz elétrica, pelo radio e pela televisão, que anunciam a sociedade de consumo após a Segunda Guerra Mundial. Também a adaptação das pessoas na cidade, a desestruturação do indivíduo, motivada pela perda de suas raízes culturais e de identidade, principalmente no pós-guerra. per extensão, o êxodo é uma realidade nacional e uma situação internacional, com migrações e imigrações em busca de melhores oportunidades e condições de vida. A globalização! Devido a globalização, as novas fronteiras são a identidade .’

MULHERES

“São as moças que vem de outras cidades do interior para Novo Hamburgo e região para trabalhar ou estudar. Moram em apartamentos, em grupos, principalmente amigas. Trazem parte da alimentação do "interior", ou seja, da casa de seus pais, que geralmente são agricultores. Tentam vender na cidade grande, mas despreparadas, muitas acabam como mães solteiras ou se prostituindo.”

CHICKEN POWER

“Fala das gurias da classe média e da classe média-baixa que passaram a usar o sexo para ascender profissionalmente, sem contudo cair na marginalização. Nós as chamamos de "galinhas", e como tinham poder de interferir na quantidade de exportados, acrescentávamos o "power". Uso a expressão em inglês porque, no mundo da exportação, é o idioma mais usado. Plasticamente, na forma e na cor, a história é mais interessante. Na colônia, durante a Páscoa, enfeitávamos as prateleiras da casa com um tipo de papel crepom. As sobras eram separadas conforme a cor (azul, vermelho, lilás, amarelo). Depois, uma vet mergulhado em água quente, este papel soltava a cor. Quando a tintura esfriava, mergulhávamos nela as galinhas brancas do terreiro. Umas ficavam amarelas, outras azuis, outras lilases... Mas só as galinhas brancas! E só no tempo de Páscoa, assim come se pintava os ovos cozidos. O movimento, a forma em movimento relaciona-se ao fato de termos, em minha infância, um terreno pequeno, onde as galinhas tinham de ficar presas o dia todo. Só as soltávamos ao anoitecer; para que não fossem ciscar na terra dos vizinhos. Eu era o encarregado de abrir o galinheiro. Elas, ansiosas nos poleiros, mal esperavam que eu abrisse a porta. Quando abria, saiam voando, soltando penas, me atropelando e arranhando com estardalhaço. Devia ter seis ou sete anos.”

RITZELETAS

“São as Rebarbas Urbanas melhoradas. Loteamentos corn alguma infra-estrutura. Casas de pouquíssimos metros quadrados, geralmente de madeira, pagas a longo prazo. Foi um plano emergencial, criado per um prefeito de Novo Hamburgo, chamado Eugênio Nelson Ritzel. Ritzeletas lembram Brizoletas, pequenas escolas construidas por Leonel de Moura Brizola, quando governador do Estado do Rio Grande do Sul”

CUZINHOS-DOCE

“Com a informatização, os computadores, os controles-remotos, os interfones, os porteiros eletrônicos, os caixas eletrônicos e tudo o mais trazido pela automação, os botões ganharam cada vez mais importância. Percebi que comandaria o mundo quem estivesse atrás dos botões, operando-os. E só não salvava o mundo porque não queria, porque fazia cu-doce. Daí o nome cuzinhos-doce ou omissão.”

CUZINHOS-DOCE

“Com a informatização, os computadores, os controles-remotos, os interfones, os porteiros eletrônicos, os caixas eletrônicos e tudo o mais trazido pela automação, os botões ganharam cada vez mais importância. Percebi que comandaria o mundo quem estivesse atrás dos botões, operando-os. E só não salvava o mundo porque não queria, porque fazia cu-doce. Daí o nome cuzinhos-doce ou omissão.”

DANÇA DOS ESPANTALHOS (Colônia)

“O horizonte do homem do campo é uma linha reta: planta, alimenta-se, suas crianças brincam. Tudo é feito em casa, artesanalmente. Relaciona-se com a natureza e os animais a sua volta. Olha o sol e a lua. O círculo existe. Inquieto, olhar no infinito, sonha com uma nova realidade”

SAPATARIA

“Lembro-me ainda do barulho do martelo, sentado na escola do lado, quando a filha do sapateiro batia a sola do sapato artesanal. Vejo o velho sapateiro, o velho artesão parado na porta, em seu chinelo, com as ceroulas aparecendo debaixo das calças, olhando-nos brincar no recreio da escola, que ficava no pátio da igreja também. O pé de carvalho, entre a igreja e a casa do relojoeiro, que era meio cientista e inventor, que peidava bem alto quando jogava baralho na bodega do lado! Ele era o fotógrafo da vila e guardava os jomais, que usava para empacotar as fotos 3x4 quando os papéis e as notícias já estavam amarelados pelo tempo!”