Portugueses, Africanos e Indígenas

Autor: Carybé (1911 – 1997)
Ano: 1984

No segundo pavimento, Salão Vitória (Diamante), encontra-se um dos maiores painéis de Carybé narrando trechos da história de Salvador e do Brasil. Uma multiplicidade cultural étnica é cuidadosamente exposta em cada uma das cenas no concreto ao longo de 32 metros e mais de 150 personagens. Lido da esquerda para direita as cenas seguem uma ordem cronológica desde a época colonial até a segunda metade do século XX.

 

Inicialmente em “Portugueses, africanos e indígenas” cenas das comunidades indígenas, referentes a caça e práticas alimentares, abrem a narrativa visual sendo abruptamente interrompidas, em um corte diagonal, pela chegada do homem branco com arma de fogo que abate um pássaro. As próximas cenas narram o processo colonizador com a chegada das embarcações, comércio, tráfico de escravizados e o desenvolvimento da América Portuguesa. Merece atenção a suavidade do traçado que mostra uma rudimentar armação utilizada para levantar uma grande pedra, puxada por pessoas, e as cenas dos personagens subindo e descendo fazendo alusão a construção das cidades no litoral brasileiro. Igrejas e janelas adornadas por gentes parecem ter saído dos livros de Jorge Amado, em narrativas fieis a vida em ladeiras, cortiços e no centro de Salvador. Na outra parte do painel (parte superior aos elevadores) são apresentadas as cenas dos “ciclos” econômicos do Brasil, passando pelas épocas de vigor do açúcar, gado, minério e fumo. Homens e mulheres são expostos em faces de sonhos, desejos, prosperidades, explorações e decadências que marcaram os séculos no Brasil.

Ao longo das cenas ainda temos imagens alusivas a fauna e flora brasileira, e painéis com figuras e datas importantes para o contexto retratado, exemplo: “1549”, fundação da Cidade do Salvador e uma representação do “Zumbi dos Palmares”. O último trecho do painel mostra a importância dos vaqueiros e do plantio / comércio do Cacau na Bahia e da mineração.